O Cinema em Portugal está a fechar portas.

As notícias para o cinema em Portugal não são famosas. As salas fecham e distritos inteiros deixam de ter salas de cinema. Os preços são exorbitantes e as salas vazias mesmo na capital mostram que algo está profundamente mal. Por outro lado as receitas estão em alta. Algo que não se percebe. Mas talvez alguém me possa explicar isto.

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Os dados que da figura são do Pordata e quem quiser pode copiar e colar o código no R para reproduzir o boneco. As curiosidades principais a meu ver são:

  • Após o 25 de Abril as salas de cinema passaram de ter 300 espectadores para menos de 100 num instante.
  • No final dos anos 90 as receitas dispararam. Foi tempo de vacas gordas na indústria dos cinemas. No entanto o número de espectadores por sala continuou a cair até andar agora em cerca de 20 pessoas por exibição. (As 2 últimas vezes que fui ao cinema Londres estavam 3 e 2 pessoas, respectivamente, já incluindo eu e ela.)

Agora alguém me explique isto como se eu fosse uma criança. O número total de espectadores não tem diminuído assim tanto. Ora vejamos.

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Como podem desde o bater no fundo dos anos 1995 e 1996 em termos de espectadores que o número de espectadores em Portugal tem sido mais ou menos constante. A crise pelo contrário parece ter mais a ver com o número crescente de salas que foram sendo criadas e que canabilizaram o mercado dos operadores de cinema. Com isto quem ficou a perder foi o espectador que agora se depara sem oferta de cinema em muitas zonas do país.

Talvez o mercado da oferta de cinema tenha que recuar para os níveis do ano 2000 e como isso muitas das megalomanas salas de cinema tenham que fechar. Há espectadores, um número mais ou menos constante que quer consumir cinema anualmente, que adoram a experiência do cinema. Não podem é ser tratados como vacas de tetas gordas que alimentam qualquer projecto imobiliario ou shopping de segunda com cinema a preços de caviar.

Claro que isto penso eu que não sei nada do assunto. Se alma mais iluminada sobre o assunto quiser discordar a caixa de comentários abaixo é sua.

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update: gerou-se uma discussão interessante no reddit/p/portugal sobre este artigo. Dê lá um saltinho!

Austeridade, e mais austeridade, e mais austeridade

The data provide objective support for what has been clear to just about everyone except pro-austerity German officials and deficit-crazed Republican politicians. Namely, deep government budget cuts at a time of economic weakness are counterproductive, complicating, if not ruining, the chances for economic growth.

via The Austerity Trap – NYTimes.com.

Já todos (nós os pobres, eles os ricos, e os outros) verificamos que a austeridade aplicada ao sul da Europa não é boa para ninguém (e muito menos boa para o Sul da Europa). Talvez seja apenas boa a Alemanha que nos empresta dinheiro a juros mais altos do que aqueles que paga. Talvez seja altura da Alemanha sair do Euro, como o George Soros sugeriu. Talvez haja outros caminhos para recuperar, há certamente outros caminhos para recuperar as economias do Sul, caminhos que não passem pela total destruição das populações desses países.

Na actividade empresarial não há sucesso sem as pessoas que compõe as empresas. É uma espécie de regra de ouro. Sem bons colaboradores, satisfeitos, e empenhados não há sucesso empresarial.

Por outro lado os gurus da austeridade e os tecnocratas lambe botas do enriquecimento alemão acham o contrário. Os países do Sul serão brilhantemente bem sucedidos se puserem uns arreios nas pessoas, as chicotearem para arar os campos e lhes derem meio fardo de palha de ração.

Estão enganados, mas o pior nem é estarem enganados. O pior é serem cegos para perceber que estão enganados e como tal continuarem a insistir no erro. O Burro não é aquele que está enganado. O Burro é aquele que estando enganado continua a insistir no engano, sem corrigir o que está mal ou se afastar para deixar que outro tente solucionar o problema.

Infelizmente o Sul da Europa está cheio de Burros.

Portugal Bailout: Why are we being rescued?

The Portuguese bailout seems to be doomed to fail… and obviously the why question is not easy to answer. The certainty of this fate is not to be doubted as loan rates of 6% are not saving anyone.

Loan by nature demands a trust relation between the two parts.

The question then is… IMF and the EU by lending money to Portugal are doing one of two:

  • It is necessary to keep european cohesion and its member states economies healthy!
  • Why are only speculators profiting from Portugal and why can’t we profit also?

Now, knowing that the European Central Bank interest rate is at 1,5% I do think that the EU and the IMF are not really interested in question 1.

If they think Portugal needs an healthy economy and really think we are trustworthy to receive the loan, then the interest rate should be lower. On the other hand by putting the bar at almost 6% they are cutting every possibility of repaying these loans with growth.

6% means this loan as to have such a return of investment to be fully paid. If you connect this with the fact that Portugal is now going to enter a recession and loose at least 2% of GDP during next year… I’m really convinced that the EU and IMF are just taking care of their business and saying “we can be vultures too”.

This looks like a medieval executioner asking his victim if he wants his head shopped off with an axe or with a butter knife. Portugal chose the latter and now is electing a new government to help grease our necks.

With all this a default of the debt will be necessary, not because we need it or want it, but because IMF and the EU said so in the protection of their interest rates.