Eu Votava Num Partido Que . . .

  • Revogasse o acordo ortográfico de 1990. Acho que não é preciso explicação para este desastre em que só a classe política continua a insistir.
  • Propusesse o 10 de Junho como data única para a realização de eleições. E tomadas de posse na primeira segunda-feira subsequente. Que dia de Portugal poderia ser melhor celebrado do que com o acto democrático e acabava-se com a fantochada dos partidos escolherem datas de acordo com o seus interesses. Não se demoravam três meses a tomar posse e a formar governo e dava-se tempo para que novos governantes pudessem fazer orçamentos para o ano seguinte.
  • Impedisse titulares de cargos políticos que se demitissem ou fossem demitidos de se candidatar por 5 anos. Num caso ou noutro são pessoas inaptas para governar, logo devem ser afastadas compulsivamente para evitar a utilização de demissões como jogada de política baixa.
  • Tivesse uma ideia para os portugueses que não seja a de os ver de avental e bandeja a servir estrangeiros.
  • Apostasse definitivamente em ciência e resolvesse o problema dos doutorados a prazo que servem de mão de obra barata para as universidades portuguesas.
  • Revertesse a perseguição às mulheres que este governo implementou no que diz respeito à introdução de taxas moderadoras e às consultas obrigatórias na interrupção de gravidez. Será que temos que ser um país tacanho de mentalidades e de atitudes?
  • Colocasse na constituição um desemprego SUB 5% em vez de querer colocar lá um déficit sub qualquer coisa.
  • Tivesse mais mulheres (principalmente mães) nas suas fileiras do que homens gordos.
  • Obrigasse a um serviço mínimo garantido de internet para todos os portugueses. Uma pen USB/ ou só o cartão/ com 256Kb/s de largura de banda que permitisse ter sempre acesso. Acesso à internet seria uma garantia constitucional.
  • Mudasse o processo democrático para o mundo digital. Eleições, referendos, decisões camarárias. Todas poderiam ser participadas por todos a partir de um computador. Acabar com esta parvoíce que é não poder votar porque estou em viagem no estrangeiro.
  • E por fim, eu votava num partido que não prometesse nada desta lista, porque todos mentem nas promessas. Não quero promessas, quero actos e se começassem por esta pequena lista já ficávamos um bocadinho satisfeitos.

As eleições “para quê votar?”, dizem eles!

Há algo que me incomoda na forma como a direcção geral da administração interna decidiu não repetir as eleições nas freguesias que boicotaram no domingo com o argumento de que não iriam nunca afectar os resultados.

Trata-se de um entendimento do acto eleitoral completamente obtuso, “que só serve para eleger políticos”, e nada mais. Votar em democracia não é eleger políticos, é um acto de cidadania e de liberdade de escolha. É o próprio acto que é importante. Os resultados são só uma consequência posterior.

Dizer a quem foi impedido de votar no Domingo que não pode expressar a sua vontade é uma violação crassa dos direitos do cidadão, impedindo-o de expressar pelo voto a sua opinião (mesmo que para efeitos práticos não altere a contagem dos deputados eleitos).

O acto eleitoral é universal e impedir que tal aconteça por razões económicas mostra que o voto e a democracia valem muito pouco para quem tal decidiu e que serve apenas como instrumento da manutenção de uma elite política.

E o pior de tudo? Não se vislumbram os editoriais dos jornais a protestar. O assunto aliás parece ter desaparecido dos poucos jornais que tocaram no assunto. Não convém chatear os amigos no poder. Afinal para que servem meia dúzia de votos duns portugueses quaisquer?

Há dias em que é bom acordar com ressaca e dor de cabeça…

A noite de ontem foi uma correria entre blogs, twitters e televisões, mas felizmente conseguimos ir dormir relativamente cedo.

Agora é altura de esperar que em Janeiro, Barack Obama, o novo presidente americano, consiga de uma vez por todas levantar o seu país e com ele o mundo. [ad#ad-1] A meu ver estou bastante interessado no que será decidido ao nível da protecção ambiental, nomeadamente na assinatura dos tratados ambientais que o anterior presidente tanto teimou em não assinar. Uma outra coisa que espero que melhore tem a ver com a questão do ensino de ciência, que atravessa(ou) os anos negros com folclore e medos religiosos a serem pregados como verdades científicas. Está na altura de também aí os EUA(ou alguns americanos) e o mundo aproveitarem a mudança e crescerem um pouco.

E por fim espero que a nível internacional os americanos passem a ter uma atitude mais de cooperação e menos beligerante. A indústria de armamento tem que deixar de ser prioridade e é altura de dar lugar a indústrias que sejam fomentadores da qualidade de vida no planeta e do aproveitamento dos nossos escassos recursos. Energias renováveis, desenvolvimento sustentável, aproveitamento de recursos, são chavões que tem que sair do papel e escritórios dos falcões e passar à realidade do dia das populações. E serão também, a meu ver, a melhor forma de dar a volta a um modelo económico em crise de um ocidente envelhecido.

Por fim, uma pequena farpa para 2009 em Portugal. Espero que consigamos ter por cá políticos com a capacidade de gerar discussões tão interessantes quanto as que fomos assistindo este ano nos EUA. Se os políticos forem bons, certamente conseguirão trazer para a discussão cidadãos jovens, empenhados e apaixonados.

Onde acompanhar as eleições americanas?

Numa era em que já ninguém tem paciência para ver o José Rodrigues dos Santos a olhar com ar pasmado para um monitor de televisão, onde as notícias dão a volta ao mundo mais depressa do que qualquer jornalista possa escrever um lead sobre ela, vamos hoje assistir provavelmente a um momento histórico.

As eleições americanas serão cobertas através dos novos media como nunca antes. O UStream vai fazer stream de vídeo de várias frentes e plataformas. O Twitter será a plataforma que muitos utilizarão para dar as “breaking news” (assim a baleia azul tenha arcaboiço para tanto) e o FriendFeed será certamente ponto de discussão do assunto.

E o Old Media? claro que o sim! O Old também aderiu à moda. Para além de terem websites dedicados às eleições, muitos vão fazer streaming de vídeo (“streaming killed the radio star”). A Associeted Press vai fazê-lo. O New York Time vai oferecer um Painel com dados em tempo real e enviar dados por SMS. O Washington Post vai ter um mapa interactivo.

E por cá? Como por cá os resultados das eleições vão sair um pouco para o tarde devido à diferença horária, não se pode contar com muito, embora a RTP tenha preparado uma emissão especial a partir das 00:50 em frente (depois da liga dos campeões, claro está), a SIC começa também às 00:55 e a TVI é a única que parece não ter nada agendado (claro que vai fazer o mesmo que as outras à última hora).

Pessoalmente como não consigo suportar os jornalistas portugueses a fazer dobragens mal feitas do que vai sendo dito por lá ou então a cortar intervenções para ir ouvir comentários (porque os “comentaristas profissionais” também não não precisam ouvir o que os protagonistas dizem para fazer comentários pertinentes) vou provavelmente acompanhar as eleições através do Livestation, muito provavelmente via CNN, Al-Jazeera ou BBC… (ou todas), estarei no Twitter enquanto este aguentar, e muito provavelmente com os sites do NYT e CNN em modo Auto-Refresh

Reciprocidade Já

Foto de PQz

Os americanos estão em momento de viragem, mas antevendo que os republicanos possam perder as próximas eleições, a presidência prepara já “minas” para um eventual presidente democrata. A mais recente tem a ver com a política de imigração. Para além de até agora para viajar para os EUA ser preciso ter um passaporte electrónico (o antigo não dá) a partir de agora vai ser preciso pedir uma autorização de entrada no país pela internet até 3 dias antes da viagem. Claro que na corrida à presidência qualquer tentativa de tocar neste assunto vai fazer com o que os republicanos caiam em cima dos eleitores com o fantasma do terrorismo.

O pior é que a medida abrange 30 países que até agora não precisavam de visto para entrar, incluindo 15 da união europeia. Ou seja mais de metade dos estados europeus, incluindo Portugal tem agora que pedir autorizações para entrar nos EUA.

Por outro lado os americanos continuam a entrar na Europa como bem lhes apetece, como se a Europa fosse um parque de diversões onde vem passar o fim de semana, e nós europeus aceitamos isto tudo com a maior das tranquilidades. Como se aquilo que fazem aos nossos cidadãos não fosse nada connosco. Por isso é que cada vez mais acho que é necessário que seja criada uma lei de reciprocidade, como a existente na constituição brasileira que diga em traços simples:

“Os cidadãos estrangeiros serão tratados em Portugal da mesma forma que os nossos cidadãos são recebidos nos respectivos países.”

Este princípio simples a ser aplicado pelos frouxos políticos desta velha Europa evitaria as constantes humilhações a que o governo americano vota o cidadão europeu.

Defendo assim que Portugal, se a Europa não o fizer, arranje um mecanismo de reciprocidade para evitar este tipo de situações: Reciprocidade já!

Veja também: Eleições americanas… a acabar até Novembro? Eleições Americanas As Eleições Americanas

Eleições americanas… a acabar até Novembro?

Gráfico de Gallup

Sondagens valem o que valem, mas as últimas sondagens mostram que o senador Barack Obama está cada vez mais na frente da corrida para a candidatura democrata. Isto apesar da Hillary Clinton ter reiterado que vai manter-se na corrida até à convenção democrata. A questão que me apetece fazer aqui é: Que é que ela sabe que nós não sabemos? Será que continua a ter o apoio dos superdelegates? Ou será que pode tirar ainda um coelho da cartola como Obama tirou quando fez o discurso sobre a segregação racial nos Estados Unidos?

O grande problema destas eleições é que o assunto fundamental não é a economia, a guerra no iraque ou a crise imobiliária. O grande problema destas eleições é a cisão racial que pode acontecer com a candidatura democrata. Olhando para os resultados conhecidos, verifica-se que os eleitores negros estão do lado de Obama enquanto os hispânicos e brancos estão do lado de Clinton. Inclusive as posições são tão extremadas que os apoiantes de Obama falam em votar McCain caso Clinton ganhe a nomeação. Isto pode ser um barril de pólvora à espera que alguém faça uma faísca.

A meu ver, quanto mais tempo o partido democrata demorar a definir o seu candidato mais potencialmente a cisão racial será visível. Poderá a cisão ser evitada se Clinton desistir proximamente? Penso que não. As eleições americanas de Novembro vão ficar invariavelmente marcadas pela realidade que a América não mais é um país a uma raça. A corrida política vai ajudar a abrir as feridas que o tempo da segregação deixou. A parte boa disso é que o ter que lidar com o problema pode também funcionar como catarse o que será sempre positivo.

Hillary Clinton não deverá anunciar nos próximos dias a desistência, muito provavelmente por uma questão de coerência política com o que tem dito, mas a verdade é que as sondagens já não lhe dão muita margem de manobra e a menos que seja capaz de um volte face de última hora não penso que tenha alternativa, pelo menos mais perto do congresso, a atirar a toalha para o tapete.