Canon S90 – Que bela surpresa

Canon s90

Estava na dúvida entre a Canon S90 e a Olympus E-PL1. Se a última era mais tentadora por ser micro 43, ter um sensor maior e poder levar outras lentes, a Canon S90 ganhava em tamanho, portabilidade e preço. No final a escolha caiu sobre a S90. Isto não é um review à máquina (há tantas reviews à Canon S90 na net), mas antes uma impressão na primeira pessoa (com algumas fotos à mistura).

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Quando se utiliza esta máquina nota-se logo a robustez, o peso e o tamanho. É muito mais leve que o que seria de esperar e o tamanho é efectivamente muito compacto. Mais pequena que a Panasonic LX3!, o que permite andar com esta máquina no bolso das calças. Será mais ou menos to tamanho de um maço de tabaco King Size.

Da Canon S90 já se falou muito do anel em torno da lente que permite controlar algumas funções de fotografia. Juntamente com um dial existente na parte de trás o utilizador mais exigente terá quase tudo o que deseja à mão. Eu pessoalmente utilizo o anel frontal para definir aberturas e o dial traseiro para jogar com a compensação de exposição com a Canon S90 em prioridade à abertura. Outros poderão ter outros interesses.

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Mas aquilo que mais pode me preocupa nestas máquinas de sensores pequenos é a qualidade de imagem. O sensor da S90 não rivaliza com os irmãos maiores mas foi uma surpresa muito agradável. Como qualquer Canon a S90 não sabe fazer más fotografias a cores em condições diurnas. Aí as cores brilham e a Canon S90 mostra todo o seu esplendor.

O Preto e Branco da Canon S90

Numa máquina compacta é importante que a qualidade das fotografias a preto e branco utilizáveis para publicação imediata[1]. Não há ainda nenhuma máquina que me tenha enchido as medidas neste parâmetro. Talvez seja o processo de conversão nas grelhas dos sensores que produzem a cor, talvez seja o pós processamento que a máquina faz para converter para Jpg. A verdade é que enquanto não houver um fabricante que crie uma máquina BW pura, sem filtros coloridos, e sem filtros anti-aliases, para produzir uma excelente imagem a preto e branco, vou ter esta dúvida.

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A máquina possui uma função de “auto-contraste” ou se preferirmos contraste inteligente. O objectivo desta função é ajudar principalmente nas situações em que a cena tem muito contraste (sombras e céus por exemplo). Acontece que enquanto a cores este “auto-contraste” faz bem o seu papel, no caso do preto e branco parece-me que comprime o detalhe ao ponto de posteriormente ser necessário fazer alguns ajustes. Felizmente não muitos. Penso que o problema reside em o algoritmo de contraste inteligente ser aplicado aos dados “a cores” antes da conversão para P&B. Isto faz com que se efectivamente for alguém que utilize preferencialmente o P&B talvez opte por desligar o Auto-contraste.

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A Canon S90 tem muito para dar ao utilizador que a conheça. Não entra na categoria das Point&Shoot. É uma máquina que apesar de ter um modo para “mães”, permite também controlar a forma como a luz vai ser capturada de acordo com a visão do fotógrafo. A sua lente com abertura f2.0 permite começar a fazer brincadeiras que outras compactas não sonham sequer. É um prazer fotografar a f2.0,  ter pouca profundidade de campo (para além de ajudar também em fotografias nocturnas) e jogar com a tridimensionalidade da cena em questão, mesmo que que numa compacta haja sempre muita profundidade de campo (o que a torna excelente para street photography).

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A Canon S90 não é uma máquina perfeita (um “erro” que muito fotógrafos procuram encontrar). É uma máquina com muito carácter (goste-se ou não). É uma máquina que pela sua versatilidade e qualidade de imagem tem feito esquecer muitas vezes a DSLR em casa. Penso que talvez o maior defeito que esta máquina tem é a de ser a primeira versão com a ideia de um anel controlador em torno da lente e ruído que faz a cada click. A meu ver o anel da Canon S90 deveria ser tão silencioso quanto o anel de focagem de uma Nikkor 50mm f1.4 AIS e devia incluir uma patilha como as lentes da Leica para ser operado com o indicador da mão esquerda. É que num corpo tão compacto há alguma dificuldade em perceber como actuar o anel com a mão esquerda para além de se notar e a falta de algum grip para os dedos da mão direita. Detalhes que futuras incarnações desta Canon S90 poderão ser resolvidos.

Concluindo: Vejo muitas vezes que na hora de decidir entre compactas e DSLRs as pessoas acham que maior é melhor. Para muitos fotógrafos provavelmente uma DSLR é overkill para aquilo que vão fazer com a máquina. É normal aparecerem DSLR em segunda mão à venda por pessoas que mal lhes deram uso. Principalmente porque uma DSLR não vai para todo o lado connosco. Enquanto as Micro 43 estão a meio caminho entre as DSLR e a portabilidade, esta Canon S90 é sem dúvida a compacta para andar todos os dias no bolso de um fotógrafo exigente e que poderá devolver a muitos o prazer da fotografia.


1 – Não vou discutir aqui da utilidade de fotografar em RAW vs JPG com máquinas compactas como esta. Se em DSLR se justifica fotografar em RAW, o uso normal de uma máquina compacta como a S90 em que se pretende mais um registo rápido tipo instantâneo, não justifica o tempo perdido posteriormente em conversão / pós-edição / etc.. Se durante o dia a dia encontrar uma situação que beneficie substancialmente de ser fotografada em RAW então essa opção é também muito bem vinda na S90 e está à distância de dois clicks. Para os que dizem necessitar do RAW a tempo inteiro a máquina também permite guardar RAW+JPG e como os cartões hoje em dia são baratos…