As eleições “para quê votar?”, dizem eles!

Há algo que me incomoda na forma como a direcção geral da administração interna decidiu não repetir as eleições nas freguesias que boicotaram no domingo com o argumento de que não iriam nunca afectar os resultados.

Trata-se de um entendimento do acto eleitoral completamente obtuso, “que só serve para eleger políticos”, e nada mais. Votar em democracia não é eleger políticos, é um acto de cidadania e de liberdade de escolha. É o próprio acto que é importante. Os resultados são só uma consequência posterior.

Dizer a quem foi impedido de votar no Domingo que não pode expressar a sua vontade é uma violação crassa dos direitos do cidadão, impedindo-o de expressar pelo voto a sua opinião (mesmo que para efeitos práticos não altere a contagem dos deputados eleitos).

O acto eleitoral é universal e impedir que tal aconteça por razões económicas mostra que o voto e a democracia valem muito pouco para quem tal decidiu e que serve apenas como instrumento da manutenção de uma elite política.

E o pior de tudo? Não se vislumbram os editoriais dos jornais a protestar. O assunto aliás parece ter desaparecido dos poucos jornais que tocaram no assunto. Não convém chatear os amigos no poder. Afinal para que servem meia dúzia de votos duns portugueses quaisquer?

O Expresso Diário

O Expresso decidiu lançar um jornal novo, diário e vespertino. A verdade é que não passa de um embuste para cobrar mais por conteúdos, que são todos chamados a partir de uma app em JavaScript de forma a que os motores de busca os não possam ler e dessa forma não os possam indexar. A app não tem um fallback para browsers de texto ou sem Javascript e retirando-lhe a folha de estilos verifica-se uma total ignorância da hierarquia semântica que uma página web deve ter.

De uma só penada o Expresso Diário quer criar uma paywall, ignorar a existência de um mundo exterior ao do grupo Impresa, ignorar as práticas da WWW (porventura pretende até reinventar uma à sua medida), fechar-se num silo, e conseguir ainda por cima cobrar por isso (PARECE A APPLE, NÃO?).

A ideia do vespertino é algo que qualquer outro jornal pode fazer. Imaginem outro jornal com tradição e experiência na publicação diária a publicar o “Jornal das 6” com os conteúdos curados ao longo do dia para fazer uma edição coerente do que mais importante aconteceu? Não dá muito trabalho e certamente seria um local de eleição para ler as notícias no fim de um dia de trabalho! (Ah, esperem, é por isso que existem feeds RSS e sites como o scoop.it e afins).

Mas num qualquer jornal que queira ir mais longe, pode até ter um processo editorial baseado em padrões de conectividade das notícias e no comportamento dos utilizadores ao longo do dia (Eu até fiz um doutoramento sobre o assunto, pelo que não deve ser muito difícil). E a partir desses padrões de connectividade fazer um jornal semi-curado que uma pequena equipa acabaria de editar.

Mas esperem, se calhar em vez de vespertino até podiam fazer um jornal vespertino, mas a todas as horas? Ou todos os minutos? Bem, se calhar é isso mesmo que os jornais online são agora. Faltará talvez a parte do processo de curar o conteúdo de forma mais coerente.

Mas mais uma vez o que falta mesmo é alguém querer fazê-lo (e ter coragem para) sem levantar mais uma paywall, criar silos de conteúdos e quebrar princípios básicos de funcionamento de um mundo conectado da qual a internet depende.

Bem, oportunidade perdida, MOVE ON.

#pl118 – Updated Statistics on the Portuguse Copy Levy discussion

#pl118 Tweet Count

After almost 22 days of fight against the #pl118 it’s time to update some statistics. First, we have the daily tweet count of the #pl118 hashtag on twitter.  It’s interesting to notice that it seems to show a 10 day cycle, although this can’t be taken as strong evidence of anything as more data points are needed.

#p118 tweets by hour of day

Second we can see the daily distribution of tweets about the #pl118 copy levy that the government is trying to pass. As natural, discussion follows the circadian rhythm of Portugal with almost no tweets during the 3am-7am period. If you’re interested in participating in this vivid discussion, the best time of day is between 17h and 20h and between 22h and 24h. It’s also curious to notice the bump around lunch time when people seem to use their break to tweet their opinions on the #pl118.

#pl118 Tweets detail by hour of day

This final stat show’s the above two plots condensed into a single image. You can see how the tweets on the #pl118 stack up by hour. You can see that they are pretty much stacked in hour groups probably reflecting moments of strong discussion when new information is available and then rapidly fading away.

Note: Data for Jan 29 was only available up until around 8am.

#pl118 Private Copy Levy and the Movies. Something is wrong

Portugal is now discussing a big change in the Private Copy Levy (#pl118) where we are seeing a massive discussion on social networks about it. The main justification for this new levy is that creators need to be protected and payed for.

This is just a simple analysis of some data I gathered online and that show that something isn’t right with the arguments (at least in the movies sector).

Let’s start with a plot of Movie Spectators per 1000 inhabitants:

It’s clear that we are now on a downtrend (at least from the late 70’s), but the past ten years have became at most stagnant (if not dropping) in terms of spectators per 1000 inhabitants.

But if we look at the plot of the revenue of the movies we get this picture:

We can see that Box Office revenue has grown almost steadily over the past years. So why are politicians arguing that artists aren’t being payed for their creative work when less spectators are generating even more revenue than ever?

One reason I came up with  (and there are many others) is that maybe these movies are all foreign and the Portuguese creators are out of work and therefore receiving less pay. I went on to investigate that and looked at the number of exhibitions of movies by country of origin:

Not bad, we have been growing for the past 10 years or so (with the exception of 2008). But what is the percentage of these exhibitions on the total number of exhibitions?

So we have it, only around 2 percent of the movies exhibited are from Portugal. A big drop from the 14 percent in the 80’s.

So, we have a decline in the number of spectators and a decline in the number of Portuguese movies exhibited, but the much more profitable USA movies dominate the movie theaters and the revenue of the industry is increasing every year.

With the argument that the Portuguese creator needs protection, everyone is going to be taxed on any kind of storage device while at least in the movies it looks more that the Portuguese creators are in crisis because of the movie theater industry that prefers the imports to the national production.

At least in this sector it’s not Hard Drives that are hurting the Portuguese creators. Politicians might want an extra revenue source for our deficit budget, but their arguments don’t look solid when you start looking at all the details.

One could close easily with the favorite Ministers phrase of the moment: If you can’t be payed here go abroad, but I prefer the more traditional:

Curtains Down

e a popularidade dos políticos portugueses medida na pt.wikipedia?

Depois de publicar o artigo com os dados do tráfego das páginas dos políticos nacionais na wikipedia internacional logo surgiu a questão “E será que na versão portuguesa da wikipédia acontece o mesmo?

Postas as mãos à obra, e depois de resolver uns bugs no script, cá está o resultado:

Neste caso pode-se ver que o comportamento é muito semelhante embora naturalmente todos os lideres políticos apresentem mais tráfego que no caso anterior. Mas mais interessante é também verificar o tráfego acumulado que estas páginas receberam desde o princípio de 2010. Veja-se:

Sem dúvida que aqueles que desde 2010 mais atenção receberam (até hoje 8 de Agosto) foram Pedro Passos Coelho e Paulo Portas. Nestes dois, nota-se o efeito das eleições. Curioso é mesmo o caso Pedro Passos Coelho onde se notam os saltos das pesquisas no princípio de 2010, 2011 e eleições, correspondendo à sua eleição para líder do PSD, a demissão de José Socrates em março de 2011 e as eleições de 5 de Junho de 2011. Está tudo lá, nas estatísticas…

A ideia destas análises surgiu depois de ler o excelente script do artigo Visualising Wikipedia search statistics with R.

Somos todos anónimos… ninguém conhece os políticos portugueses

Apesar de muito orgulhosos a verdade é que o resto do mundo não está muito interessado em Portugal, para além do dinheiro da Tróica, do Ronaldo, e das praias quentes e cheias do Algarve!

Estive a olhar para o tráfego de pesquisas na Wikipedia (versão internacional em inglês) para tentar encontrar padrões e surpresa, surpresa, quase ninguém é procurado. O único que escapa à regra é o novo primeiro ministro (afinal ninguém o conhecia antes), mas o efeito nota-se que já está a desaparecer. Quanto aos outros? ninguém parece realmente interessado. Paulo Portas acompanhou o movimento do Pedro Passos Coelho por inerência do cargo, mas o presidente Cavaco Silva ou o ex-primeiro ministro José Socrates quase não tem tráfego para as suas páginas de Wikipedia internacional. Já o novo líder do PS nem página na Wikipedia tem… Os lideres dos partidos mais pequenos tem tráfego tão residual que nem vale a pena inclui-los no gráfico.

Enfim. Não há grande interesse internacional pela política portuguesa e muito provavelmente muito do tráfego que ali se vê diz respeito aos nossos corpos diplomáticos a tentar saber quem é que agora manda cá no burgo ou aos burocratas de Bruxelas a tentar descobrir para quem mandar as contas da tróica.

Somos pequeninos, anónimos e felizes!