Sondagens: Diferença entre PSD e PS nos últimos 18 meses.

Diferença PSD-PS Sondagens 21 Abril 2011

Diferença PSD-PS Sondagens 21 Abril 2011

As sondagens para as eleições portuguesas são uma coisa engraçada.

As agências de sondagens nacionais publicam resultados com tal disparidade que, ou os métodos são uma treta, ou estão a tentar influenciar o população (Será?). A verdade é que os resultados podem até ser estatisticamente significativos, mas tal não significa que o método não esteja enviesado. Como John Zaller diz no seu excelente “The Nature and Origins of Mass Opinion”, a forma como os inquéritos são conduzidos, a ordem das perguntas, a sua formulação, tudo influência o resultado final da sondagem de opinião. Isto tem tal impacto que torna estes gráficos praticamente inúteis como retrato real, mas extraordinariamente poderosos como ferramenta para influenciar eles próprios as opiniões dos leitores.

A figura acima mostra a diferença entre PSD e PS nas sondagens dos últimos 18 meses. É curioso verificar que cada empresa de sondagens parece puxar para seu lado, e em alguns casos notam-se flip flops interessantes em relação aos resultados típicos de algumas empresas. O que será que significam? Mudaram de método de repente? Serão outliers? Brevemente voltarei a este assunto… é fascinante olhar para estes dados!

update: actualizei a imagem com os dados da sondagem de hoje da Eurosondagem (Expresso/SIC/RR).

Presidenciais 2011: Diz-me com quem votas…

Hoje, o dia posterior ao dia mais frio do ano, perdão, ao dia das eleições presidenciais, decidi meter-me a brincar com os resultados (inspirado pelo excelente trabalho do António) para o Observatorium. Assim peguei nos 308 concelhos e fui procurar quem vota similarmente a quem.

Eleições Presidenciais: Quem votou com quem?

Eleições Presidenciais: Quem votou com quem? (clique para ver em grande)

A estratégia utilizada foi:

Cada concelho tem o resultado representado por um vector de 6 componentes (os candidatos). Entre todos os pares (a,b) de concelhos é calculada a similaridade de votação através do co-seno do ângulo formado entre a e b (cos(a^b))

cos(a^b)=a.b/(|a||b|)

onde a.b é o produto interno e || representa a norma do vector.

Depois a partir da matriz de similaridade foram estabelecidas apenas as ligações com valor de cos(a^b)>0,9995 e removidos todos os concelhos que tinham grau zero (zero ligações) para facilitar a leitura da rede e aí temos, os concelhos que votam da mesma forma que outros.

É curiosa a formação de alguns clusters inesperados, mas a análise política deixo para outros.

Já agora os dois municípios mais antagónicos do país? Vale de Cambra e Santa Cruz

Vale de Cambra Cavaco Silva    61.76% Manuel Alegre    15.15% Fernando Nobre    14.54% José Coelho    4.39% Francisco Lopes    2.95% Defensor Moura    1.21%

Santa Cruz José Coelho    47.78% Cavaco Silva    36.32% Fernando Nobre    7.36% Manuel Alegre    6.13% Francisco Lopes    1.67% Defensor Moura    0.75%

O Trio Odemira a cozinhar os próximos 5 anos

Cavaco, Sócrates e Manuela: Para governar é preciso várias coisas e com um ano de eleições a cada 2 meses, estes 3 personagens viram-se num DILEMA. Nenhum sabe governar, embora saibam todos mandar. E governar e mandar são coisas completamente diferentes: Para mandar é preciso ter maiorias absolutas, quase ditatoriais. Para governar é preciso saber dialogar. Como nenhum dos 3 sabe dialogar, estão já a preparar-se para fazer um “bloco central” para conseguirem MANDAR. E com o medo da diversidade de opiniões, do diálogo e da diferença, lá se preparam para fazer um país CINZENTÃO, onde todos vestem ganga azul, trabalham 16 horas por dia e não tem à mesa mais que PÃO.

É tramado ainda não ter havido umas únicas eleições e ver já os 3 a preparem-se para dividir os tachos, tudo claro, sob a capa da estabilidade e da mediocridade intelectual.

Mapas de Portugal para ir de férias

Foto de jasmic

1 de Agosto, dia de férias para muita gente. Altura de pegar nos mapas de Portugal que ficaram perdidos no carro no ano anterior e planear o itinerário, mapas ou GPS, conforme gostar mais. Pessoalmente para decidir para onde vou ainda assim prefiro um mapa. O GPS serve mais para localização ou orientação. O tradicional mapa é muito mais prático para o planeamento.

Se ainda não programou a suas férias, ou escapadela de Verão aqui ficam alguns mapas de Portugal para planear a aventura:

Sapo Mapashttp://mapas.sapo.pt/ – Os mapas do Sapo estão integrados com Pontos de Interesse o que ajuda a encontrar o que se pretende. Experimente procurar por exemplo “Praias, Sines” para ver uma listagem de praias da costa alentejana. O serviço de itinerários também permite definir se se pretende viajar de carro ou se se trata apenas de um passeio a pé. No entanto tem um defeito que é não permitir que se marquem os pontos de partida e chegada directamente no mapa tendo que ser introduzidos nas caixas de pesquisa. O sistema parece funcionar em associação com o NDrive pelo que os resultados são bons, mas no browser seria mais prático poder clicar directamente os pontos de partida e chegada.

Geowebhttp://www.geoweb.pt/ Este serviço poderia ser muito prático mas acaba por ser a meu ver um falhanço na era web 2.0. Primeiro começa por ter uma página onde se pede o login de utilizador, segundo recorre a um plugin da Autodesk para que o sistema funcione minimamente. Ainda para mais apresenta apenas 3 cidades georeferênciadas (Lisboa, Porto e Braga) e embora a informação disponível para cada uma delas seja boa, a navegação não é intuitiva. É a prova de que um bom software para Sistemas de Informação Geográfica não se traduz automaticamente numa boa experiência quando se tenta construir uma aplicação web.

TransPorhttp://www.transpor.pt/ – Mais um falhanço. Aliás, este é produzido pela mesma empresa do Geoweb.pt, a Gismedia. A ideia aqui era fazer uma aplicação web centrada nos itinerários e nos horários de funcionamento de transportes públicos. Novamente falha. A experiência é a mesma do geoweb com requintes de malvadez. As experiências que fiz, para calcular um simples itinerário de Lisboa a Viana do Castelo conseguiram não dar resultados. Por outro lado o serviço de mapas fica a anos luz dos oferecidos pelo Sapo ou outros concorrentes como o Google.

Mapas Páginas Amarelashttp://mapas.pai.pt/ – Os mapas do “PAI” (Páginas Amarelas Interactivas) é também (e forma semelhante ao do Sapo) muito bom. Está naturalmente vocacionado para mostrar os resultados das página amarelas, e não naturalmente como planeador de férias, mas permite mostrar diversos pontos de interesse nos 4 níveis de zoom mais próximos. O mapa permite que se faça Pan com o clicar e arrastar do rato directamente no mapa, e os mapas fornecidos pela TeleAtlas são muito detalhados.

Mapas Clixhttp://mapas.clix.pt/ – O clix também tem o seu serviço de mapas, neste caso orientado também à definição de itinerários. É talvez aquele que apresenta menos soluções. Uma pessoa passa a vida a tentar clicar na imagem e arrastar para mover o mapa, o que não funciona, ou a tentar fazer zoom com a roda do meio do rato o que também não funciona. No entanto permite fazer pesquisas de vários tipos de pontos de interesse (por exemplo procurar os mapas dos campos de golf em Portugal) o que servirá para organizar os seus passeios de forma prática. Para além disso o planeador de itinerários permite escolher entre itinerários a pé ou itinerários de carro, o que é útil para as visitas aos centros das cidades portuguesas.

Qual o melhor serviço de Mapas Português?

Esta análise é efectivamente curta e é a minha opinião sobre os diversos serviços que encontrei. Para além destes existem uma série de espertalhões que recorrem aos mapas do Google e fazem sites de mapas de portugal apenas para colocar publicidade adsense em torno dos mapas. Encontrei vários assim, muito lixo mesmo.

Dos 5 serviços de mapas que experimentei, os meus favoritos são sem dúvida os dos portais Sapo e Clix e o das Páginas Amarelas. Os da Gismedia são verdadeiramente penosos de utilizar. A vasta experiência dos portais com os utilizadores de internet é aqui mais valia e mesmo entre o Sapo e o Clix, tenho que reconhecer que prefiro os mapas do Sapo. Principalmente porque é maior. A área que o mapa ocupa é 3/4 da janela e é fluida o que permite que num monitor de 20” não se esteja a ver um mapa do tamanho de um relógio de bolso. Para além disso o poder fazer pan com um clique do rato ou zoom com a roda de scroll são mais valias que aprecio. O Clix permite marcar itinerários directamente nos mapas, algo prático, mas as dimensões reduzidas do mapa, assim como a utilização de botões externos ao mapa para Zoom e Pan fazem a minha escolha recair no Sapo, que embora não sendo perfeito (Sr.s do Sapo, vejam lá o Javascript dos mapas, porque um bug qualquer a dada altura fez disparar o consumo de memória do Firefox e foi preciso matar o FF) é melhor que a concorrência. Entre o Sapo e o PAI o meu coração balança. Se por um lado penso que o Sapo está mais vocacionado para lazer o do PAI (muito semelhante aos mapas do Sapo) está mais vocacionado para trabalho. Uma coisa que me desagradou nos mapas do PAI foi o facto de quando se muda o tipo de pesquisa ele automaticamente fazer um reset ao Zoom do mapa, não permitindo mudar o tipo de pesquisa apenas para a área em questão. Penso que isto é algo que no futuro deveria ser revisto pela equipa que desenvolveu os mapas do PAI.

Claro que se não quiser utilizar nenhum destes serviços de mapas pode continuar a utilizar os mapas fornecidos pelo google maps, ou pelo maps live da microsoft (com birds view para as maiores cidades portuguesas), ou então os da via michelin para itinerários (muito bons mesmo, inclusive para viagens pela Europa). Aliás, nenhum destes “estrangeiro” será substituído pelos serviços de mapas nacionais que ainda tem muito para andar (sapo inclusive). No entanto a distância já foi muito superior e os nacionais podem em alguns casos apresentar dados mais pormenorizados que os estrangeiros, pelo que no planeamento de férias são uma boa opção para considerar.

Depois é só ir de férias e se quiser saber novidades aqui da chafarica, pode seguir o Sixhat Pirate Parts no telemóvel através do Twitter.

O OLPC português!

O governo cá da praça fala muito, mas quem paga?

É que agora a proposta é “dar” 240 000 computadores a quem se inscrever no 10º ano do ensino secundário. A proposta é meritória, mas peca por ser uma mentira, no meu ponto de vista, por uma simples questão de matemática. Segundo a notícia vai haver escalões para a oferta dos computadores podendo as pessoas pagar até 150 € pelo mesmo e a oferta é extensível a professores do ensino básico e secundário também a 150€. Estão a falar de portáteis os senhores.

Ora vamos a contas:

Procurando o portátil mais barato do mercado verificamos encontrar um Fujitsu Siemens por 669€. Não vou discutir a qualidade desta máquina (não é para aqui chamada) mas o preço dos 150€.

669-150=512€

Mesmo que haja aqui um desconto a máquina mais barata do mercado nunca ficará (digo eu que de descontos não percebo nada) abaixo dos… digamos 400€?

Ora 400 x 240 000 = ?

Pois é, dá muitos zeros, nada mais que

96 000 000 €

mais ou menos 20 milhões de contos. Um euro milhões. Certamente não é muito para um PIB português, fabulosamente crescente num dos países mais ricos do mundo. Mas mesmo nesse país rico… quem paga? Ou será que este é o OLPC de Portugal?

Só tenho pena que a minha mãe (professora primaria) já se tenha reformado…

Calinadas no Português

Que de vez em quando se dê uma calinada na nossa língua é imperdoável, mas a verdade é que por vezes acontece… felizmente (ou infelizmente, depende do ponto de vista) o número de pessoas a que chegamos com os blogues é ainda diminuta. Por outro lado os jornais nacionais vão mais longe e tem por isso uma responsabilidade acrescida.

Murreu no Público o Português

Não fosse ter feito um print screen, não acreditava que o Público tivesse este título hoje numa notícia de última hora. Mas talvez seja isto o efeito do despedimento dos veteranos das redacções e a sua substituição por “estagiáriUs” acabadinhos de formar num destes cursos de facilitismo que se tem em Portugal.

Anda tudo à batatada no ensino

http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1290302

Parece que no Alentejo alguém parte a loiça toda e ninguém toma uma atitude perante o caso.

O estado do ensino português passa pelas coisas mais estranhas que se tem visto ultimamente:

 Um aluno ameaça e agride um professor.
 O aluno é condenado em tribunal.
 A universidade arquiva o processo por falta de “provas”!

Ou seja: As provas que servem para o tribunal não servem para a universidade! Porque não seguem o exemplo do futebol e mandam extrair certidões!… Seja lá isso o que for que eu de leis não percebo nada.

Mas concluindo… é por isto que o ensino português cada vez tem menos credibilidade, que a independente fecha e que o primeiro ministro não fala do curso que tirou ou não num domingo… e já agora, alguém investigou o MBA do primeiro, que ele tirou no ISCTE?