Lisboa sem carros? Para quando Re-imaginar a Cidade?

Atravessar o centro de Lisboa de carro é um pesadelo. De tempo perdido, de poluição sónica e poluição atmosférica (CO2, CO, NOx, etc… ). E o pior é que as ligações Rotunda – Praça do Comércio não passam de ligações de passagem. É como despejar um camião do lixo na porta do melhor restaurante da cidade e esperar que os clientes achem … “etnográfico” <sic?>.

Zona baixa de Lisboa impede circulação a veículos automóveis mais antigos entre as 7h e as 21h. Área de circulação para carros anteriores a 1996 será ainda mais restrita.

Sim é muito interessante que se restrinja a idade dos carros ao centro, mas isso não acaba com a circulação dos mesmos, não cria oportunidades de criar um centro vocacionado para o peão, para quem realmente precisa de ir à baixa em vez de apenas passar por lá. Porque não planear os centros das nossas cidades verdadeiramente para o século XXI? Porquê continuar a ter um Rossio como uma grande rotunda para carros que vão e vêm. A baixa é já servida pelo metro, que devia ser a porta de acesso a esta zona da cidade. Talvez um dia. Talvez os nossos URBAN PLANNERS possam começar a pensar fora do casulos que todas as manhãs os levam a atravessar a cidade em direcção às suas repartições, aos seus cubículos, e à sua falta de imaginação para re-imaginar a cidade.

Urban planners are finally recognizing that streets should be designed for people, not careening hunks of deadly metal.

Ainda sobre o trânsito

Ontem falei aqui da proposta de de se colocar autocolantes nos carros das pessoas. Medida que parece ser mais uma forma de mostrar serviço sem afectar verdadeiramente a vida das mesmas e de dar dinheiro a uma empresa de algum amigo de alguém do governo pelo estudo. Mas para ironia no mesmo dia aconteceu um acidente gravíssimo junto aos barcos no Terreiro do Paço.

Naturalmente hoje o público faz notícia do mesmo e não pude deixar de reparar numa caixa de destaque em que se diz que uma forma de garantir a segurança dos peões é criar zonas de 30km/h e mexer nos sistemas de semáforos. Ora, 30km/h? e porque não 25? ou 10? Aliás, seja 30 km/h ou 90 km/h o que é que interessa se o condutor não os respeitar? O acidente de ontem aconteceu porque a condutora não respeitou as condições de circulação para a zona, logo de que adiantava a proibição de 30Km/h?

Embora não goste da ideia, a meu ver a única solução para locais sensíveis passa por aquilo que os brasileiros tem e abusam nas suas estradas. Os chamados quebra mola, em locais de muitos peões como o do terreiro do paço onde aconteceu este acidente, seriam eficazes. É um sistema de lombas que efectivamente obriga a reduzir a velocidade e permitiria evitar esta demagogia do “agora alteram-se os limites” que na prática não impede que eu ande a 130 km/h naquela avenida e que continuemos a ter estas notícias nos jornais.

Ainda sobre o trânsito