Leica M Monochrome – Uma decisão ousada.

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A Leica decidiu produzir uma máquina telemétrica digital puramente dedicada a fotografia a preto e branco. É uma pedrada no charco que não sendo revolucionária, é sinónimo de que a Leica continua a produzir equipamentos para nichos muito específicos proporcionando-lhes o máximo de qualidade que a engenharia permite.

Durante muito tempo desejei que uma máquina destas aparecesse no mercado. Principalmente porque a forma de pensar a preto e branco é diferente de fazer fotografia a cores e depois converter para preto e branco. Obriga a pensar em termos de luminosidades relativas e não de cores. É talvez mais exigente e obriga o fotografo a melhorar a sua fotografia.

Esta máquina é por isso uma benesse no panorama fotográfico. O seu grande problema, talvez até pelo facto de ser um equipamento que não é para todos, é o preço de quase $8000 que a torna inacessível a 99% dos fotógrafos. No entanto penso que poderá ser um princípio a adoptar por outras companhias. Imagine-se uma Fuji X100bw ou as linhas Micro43 da Olympus ou Panasonic a serem produzidas também na versão preto e branco. Penso que no futuro haverá algumas surpresas nesse aspecto, principalmente se nas comparações com os sensores a cores, a qualidade obtida por este sensor for realmente superior. Tecnicamente um sensor BW será melhor que um sensor a cores, veja-se que para aplicações científicas os sensores BW são preferidos sendo que o efeito “cor” é conseguido através de múltiplas exposições utilizando filtros de certos comprimentos de onda.

Ainda em termos de lançamentos, a Leica aproveitou para lançar a nova compacta X2 e também uma nova lente Summicron-M 50mm.

Fotografia: as minhas escolhas de 2011 da indústria fotográfica

Winter fruits

Com o fim do ano a aproximar-se pus-me a pensar no que este ano de 2011 teve de excitante em termos de fotografia. Assistimos a alguns lançamentos interessantes e a novas tecnologias que no futuro farão a fotografia algo muito diferente.  Para mim o TOP fotográfico deste ano é caracterizado principalmente pela constatação de que pequenas câmaras (em dimensão) estão a atrair cada vez mais os fotógrafos amadores (e não só) que começam a não encontrar justificação para andar com uma DSLR pesada ao pescoço todo o dia.

As minhas escolhas para os marcos da indústria fotográfica de 2011 são:

Fuji X10 (Out) – A Fuji tem sido uma das empresas que mais se tem destacado pela originalidade e inovação. Para além disso, possuindo os seus próprios sensores é das poucas que pode balancear seriamente o futuro da industria. A Fuji X10 parece redefinir o segmento das Point&Shoot highend, remetendo à Canon G12 ou Panasonic LX5 uma imagem ultrapassada.

Lytro Light Field (Nov) – A ideia genial de fotografar sem ter que focar, que esta máquina promete, pode revolucionar a forma de fazer fotografia. Contraria fundamentalmente uma das tarefas que até agora era tida como essencial. No entanto acredito que demore ainda algum tempo até que a tecnologia possa encontrar o seu mercado.

Nikon V1 e J1 (Out) – A Nikon finalmente decidiu-se a entrar no mercado das câmaras com lentes intermutáveis sem espelho, mas decidiu inventar o seu próprio caminho, apresentando um sistema novo o 1. Posicionou o seu sensor entre as compactas de topo de gama e o M43. No entanto o preço elevado e o medo da Nikon de canibalizar o seu portfólio DSLR da gama de entrada podem ditar maus tempos para quem quiser investir neste sistema. A promessa de utilizar lentes F com o sistema 1 pode garantir alguns adeptos. 2012 será decisivo para esta nova linha. Em todo o caso é de louvar a entrada da Nikon neste segmento. Falta a palavra da Canon.

Ricoh GXR Mound A12 (Ago) – A ideia da Ricoh de criar um sistema modular em que a lente e o sensor estão na mesma unidade não reuniu consenso quando foi lançado. No entanto passados dois anos a Ricoh percebeu que podia capitalizar ainda um pouco mais o sistema com o lançamento de unidades adaptadoras para outras lentes. O A12 permite utilizar lentes Leica. A inclusão deste módulo nesta lista deve-se mais ao facto de achar que a Ricoh continua (tal como a Fuji) a pensar por si e a ter ideias boas, sem se restringir a tentar copiar Nikon e Canon. Pena que o A12 tenha saído 2 anos atrasados.

O escândalo Olympus – A Olympus sabe fazer máquinas fotográficas. Disso não há dúvidas. Mas o ano de 2011 ficou marcado pela descoberta da contabilidade paralela e não pelas suas máquinas. A sua linha de máquina M43 continua a fazer sucesso, embora não se perceba porquê tanta variedade de algo que é basicamente o mesmo modelo. A meu ver a Olympus está a a ficar maneatada pelos escândalos financeiros e neste momento é uma empresa da qual se espera algo realmente novo em 2012 sob pena de sair de cena.

Pentax Q (Jul) – Uma ideia original de ter um sistema compacto (muito compacto mesmo) com lentes intermutaveis. O design original podem fazer da Pentax Q a nova Rollei 35? Talvez! E pela ousadia a Pentax Q é sem dúvida merecedora de estar nesta lista.

Sony Nex 7 (Ago) – Pessoalmente não consigo gostar da Sony e dos seus produtos fotográficos. Acho-os demasiados consumer-oriented e não photographer-oriented. A NEX-7 conseguiu no entanto esticar a corda no que diz respeito a features. A inclusão de um sensor de 24Mp numa máquina deste tamanho é realmente um marco importante. Para além disso a Sony parece ter percebido as queixas de ergonomia que os modelos anteriores tinham e melhorou a utilização da máquina (embora nem tudo tenha sido corrigido). As reviews da máquina mostraram que se trata efectivamente de uma máquina de qualidade extrema para tirar fotografias e é sem dúvida um dos marcos deste ano.

Olympus Pen E-P1: A máquina de verão…

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A Olympus conseguiu com a Pen E-P1 um impacto muito mais importante que a Panasonic quando lançou a DMC-G1. Apesar dos diversos reviews que lhe apontavam algumas críticas, o seu ar retro e a possibilidade de lhe colocar lentes da familia M da leica através de um adaptador, fizeram dela um caso de sucesso.

É neste momento a máquina digital que aconselho a quem esteja a começar na fotografia. (Claro que quem já tiver investido em algum material, talvez pense duas vezes).

Esta entrada vem a propósito de mais um review à Olympus E-P1, que deve ser lido no TOP. Não porque esteja repleto de especificações técnicas, mas antes porque revela a opinião de um fotógrafo que a usou. Usou USADA MESMO. Para além disso a comparação com a Leica M8 e com a Canon G10 é efectivamente interessante, pois são exactamente os dois segmentos não DSLR com que esta máquina se bate. Aliás, a importância da Pen na concorrência às rangefinder é tão grande que a própria Colorfoto coloca a E-P1 na secção Rangefinder (embora técnicamente não seja por não possuir o rangefinder)

Olympus E-P1 – Digital Pen

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Depois de uma campanha de promoção a lembrar a bela Olympus Pen (a máquina que utilizava metade do filme por cada foto), eis a nova encarnação da Olympus: a E-P1 ou também conhecida como Digital Pen.

Tal como a Pen dos anos 50 a 80, a Digital Pen tem um sensor que é metade de um sensor full frame, e permite a troca de lentes com o sistema M43 (Micro Four Thirds). A máquina traz de origem uma lente 14-42mm (28-84mm equivalentes), mas uma das lentes mais interessantes será sem dúvida a 17mm f2.8 fixa e a possibilidade de utilizar algumas das lentes do tipo M (Leica, Voightlander) como as 21mm que dará uma excelente companheira para esta máquina, ou quem sabe até a 12mm f5.6 através de um adaptador Leica M mount / M43. Ainda para mais a Olympus vai vender um adaptador OM / M43 permitindo utilizar as fantásticas lentes manuais do sistema OM na Pen…

Entretanto estou curioso quanto às primeiras reviews, pois esta pode bem tornar-se na primeira máquina compacta ao nível das DSLRs. A Olympus tem a capacidade, agora resta saber se efectivamente este modelo se veste da herança das Olympus Pen do passado.