Hoje é dia mundial da poesia

To The Whore Who Took My Poems

some say we should keep personal remorse from the
poem,
stay abstract, and there is some reason in this,
but jezus;
twelve poems gone and I don’t keep carbons and you have
my
paintings too, my best ones; its stifling:
are you trying to crush me out like the rest of them?
why didn’t you take my money? they usually do
from the sleeping drunken pants sick in the corner.
next time take my left arm or a fifty
but not my poems:
I’m not Shakespeare
but sometime simply
there won’t be any more, abstract or otherwise;
there’ll always be mony and whores and drunkards
down to the last bomb,
but as God said,
crossing his legs,
I see where I have made plenty of poets
but not so very much
poetry.

— Charles Bukowski

A Ilha dos Amores

Mesmo depois de 500 anos passados sobre as descobertas, este continua a ser um país de Velhos do Restelo. Continuam muitos a acreditar que a imutabilidade das coisas é sinónimo de perfeição, que as aventuras e a novidade não devem ser coisa nacional. Ficam ali sentados nos seus bancos de jardins, apoiados em cajados que já mal aguentam as suas pobres carcaças, dizem mal e lamentam-se do nosso triste fado… Não mudam e ficam qual estátuas de granito empedernido a repetir a palavra do velho do poeta. Como a original tinha mais arte, mais vale ouví-la em vez, porque ouvindo-a, se ganha a força e o engenho para continuar a embarcar em caravelas e a enfrentar perigos inimagináveis. Os velhos… os velhos ficam em Lisboa… ou no Porto… ou em Lama de Ouriço. E falam, falam, falam… deixai-os falar, ninguém os ouve… Lá pelas bandas do canto nono encontram a recompensa os aventureiros…

52 De longe a Ilha viram fresca e bela, Que Vénus pelas ondas lha levava (Bem como o vento leva branca vela) Para onde a forte armada se enxergava; Que, por que não passassem, sem que nela Tomassem porto, como desejava, Para onde as naus navegam a movia A Acidália, que tudo enfim podia.(…)59 Abre a romã, mostrando a rubicunda Cor, com que tu, rubi, teu preço perdes; Entre os braços do ulmeiro está a jocunda Vide, com uns cachos roxos e outros verdes; E vós, se na vossa árvore fecunda, Peras piramidais, viver quiserdes, Entregai-vos ao dano, que, com os bicos, Em vós fazem os pássaros inicos.

in “Os Lusíadas” de Luís de Camões