Presidenciais 2011: Diz-me com quem votas…

Hoje, o dia posterior ao dia mais frio do ano, perdão, ao dia das eleições presidenciais, decidi meter-me a brincar com os resultados (inspirado pelo excelente trabalho do António) para o Observatorium. Assim peguei nos 308 concelhos e fui procurar quem vota similarmente a quem.

Eleições Presidenciais: Quem votou com quem?

Eleições Presidenciais: Quem votou com quem? (clique para ver em grande)

A estratégia utilizada foi:

Cada concelho tem o resultado representado por um vector de 6 componentes (os candidatos). Entre todos os pares (a,b) de concelhos é calculada a similaridade de votação através do co-seno do ângulo formado entre a e b (cos(a^b))

cos(a^b)=a.b/(|a||b|)

onde a.b é o produto interno e || representa a norma do vector.

Depois a partir da matriz de similaridade foram estabelecidas apenas as ligações com valor de cos(a^b)>0,9995 e removidos todos os concelhos que tinham grau zero (zero ligações) para facilitar a leitura da rede e aí temos, os concelhos que votam da mesma forma que outros.

É curiosa a formação de alguns clusters inesperados, mas a análise política deixo para outros.

Já agora os dois municípios mais antagónicos do país? Vale de Cambra e Santa Cruz

Vale de Cambra Cavaco Silva    61.76% Manuel Alegre    15.15% Fernando Nobre    14.54% José Coelho    4.39% Francisco Lopes    2.95% Defensor Moura    1.21%

Santa Cruz José Coelho    47.78% Cavaco Silva    36.32% Fernando Nobre    7.36% Manuel Alegre    6.13% Francisco Lopes    1.67% Defensor Moura    0.75%

Friends Friends Friends…

Foto de kalandrakas

Eles estão em todo o lado, no Twitter, no Facebook, no Hi5… Todos os serviços tem na página de cada utilizador um botão com as palavras “Add as Friend” ou “Friend Me” ou algo semelhante.

Esta contabilização de “amigos” virtuais é algo muito estranho porque é uma apropriação por parte dos sites sociais de um conceito que efectivamente não é aquele que eles pretendem vender e que as pessoas associam normalmente a um tipo de interacção e relacionamento diferente. E a verdade é que até um tribunal foi obrigado a esclarecer este ponto num caso de stalking.

O caso foi o de uma mulher que acusou o ex-namorado de perseguição, depois deste ter enviado um pedido de “Friend Me” no Facebook. O juiz concordou com a posição do namorado dizendo que este “Friend Me” não pode ser encarado no sentido tradicional do que é uma amizade.

Não quer isto dizer que na lista de “Friends” não haja também alguns amigos verdadeiros, mas a verdade é que maioritariamente são amizades inconsequentes. Permitem ter um panorama do mundo, eventualmente partilhar e conhecer experiências com novas pessoas e até iniciar projectos com algumas delas, mas daí a dizer que amizade está à distância de um clique…

É certo que o objectivo final do Facebook ou de qualquer outra rede social é o de fazer dinheiro através de um modelo de negócio que alguns estão ainda a tentar descobrir, e a apropriação do conceito “Amigo” é natural porque tentam a aproximação àquilo que as pessoas querem. Se em vez de “Amigos” lhes chamassem apenas “Contactos” ou “Utilizadores”, deixando a tarefa de construir amizades para os próprios certamente não haveria estes equívocos mas também seriam serviços muito menos populares, acho eu.

Os sites de comunidades e serviços sociais estão aí, não há como lhes fugir. Há é ter um pouco de atitude crítica e perceber onde é que acaba o “Friend” e começa o Amigo.